A religão para mim foi um sonho. Uma imagem de espelho, um reflexo daquilo que eu mais amava, o melhor da minha essência. O que havia de divino, os mais sagrados valores, o mais absoluto, toda a bondade de viver, comer, ouvir, cheirar e ver.
A religião foi para mim a revelação dos segredos da minha própria alma. Sonhos de justiça e de misericórdia. Eu sonhava, mas não entendia os meus sonhos. E o sonho foi assim preservado por um longo tempo, noite após noite, dia a após dia. Por que o religioso não entende o seu sonho.
As imagens que a religição tomava como retrato era na verdade uma construção do sonho mais belo e mais perfeito, cheio de esperanças e desejos... A religião era como os segredos de minha alma, minha idealização. Por detrás dos mitos, ritos, cerimônias, jejuns e promessas estava uma anseio por uma nova terra, um novo corpo.
Mas com o tempo o sonho foi interpretado, pedaço a pedaço ele foi compreendido. O segredo foi descoberto, o enigma desvelado!
A partir de então os céus se transformaram em terra, o que estava no alto se mostrou à frente, como um reflexo...
Entendido o sonho, construí minha esperança e lancei-me à luta do real.
O deus da religião desaparecia...